quinta-feira, 9 de março de 2017

Propinas em Belo Monte: 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB

Depoimentos de empreiteiros envolvidos na obra da usina, obtidos com exclusividade por ISTOÉ, revelam os achaques e as pressões para repasses ao PT e PMDB. Segundo eles, os arrecadadores eram João Vaccari Neto, ex-tesoureiro petista, e Márcio Lobão, filho do peemedebista Edison Lobão
Orçada inicialmente em R$ 16 bilhões, a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte era uma espécie de menina dos olhos do PT. Era defendida enfaticamente pelos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff como solução para o suprimento energético do País. Com padrinhos de peso incontestável, ao fim, Belo Monte custou quase o dobro do estimado preliminarmente: R$ 30 bilhões. Seu valor astronômico, porém, não serviria só para cobrir as despesas de engenharia da obra: um percentual era revertido em propina para PT e PMDB. É o que atestam em depoimentos à Polícia Federal, obtidos com exclusividade por ISTOÉ, os executivos Domingos Malzoni, da Cetenco Engenharia, Celso Jacomel Junior, da J. Malucelli e Marcelo de Sousa Ribeiro, da Serveng. Seus relatos mostram como eles foram achacados e sofreram toda a sorte de pressões de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT, de Márcio Lobão, filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA), e também da Andrade Gutierrez, intermediária dos pagamentos, para que repassassem propinas aos dois partidos.
Os arrecadadores
Documentos obtidos por ISTOÉ mostram que partidos exigiam 1% do total das obras de Belo Monte. Segundo Marcelo de Sousa Ribeiro, da Serveng, em reunião realizada na sede da Andrade Gutierrez, no Rio, houve imposição para que as empresas pagassem propinas ao PT e PMDB e que os arrecadadores seriam João Vaccari, pelo PT, e Márcio Lobão, pelo PMDB (leia o documento no fim da matéria)
O REPARTE DO DINHEIRO
Os depoimentos dos executivos das empresas – detentoras de participação minoritária nas obras – foram prestados em agosto, mas estavam sob sigilo. Vêm à tona agora pela primeira vez pelas páginas de ISTOÉ. Celso Jacomel Junior, Domingos Malzoni e Marcelo Ribeiro disseram à PF que foram informados por Flávio Barra, diretor da Andrade Gutierrez, que deviam repassar 1% do faturamento como propina ao PT e ao PMDB. De acordo com Marcelo Ribeiro, da Serveng, o aviso sobre o pagamento se tratou de “imposição”, não tendo havido qualquer discussão a respeito. “Flávio David Barra limitou-se a informar que, em decorrência de negociação política, as empresas teriam que direcionar 0,5% para o PT e 0,5% para o PMDB”. Ainda segundo Ribeiro, a reunião foi realizada na sede da Andrade Gutierrez no Rio de Janeiro e que durante o encontro “não houve manifestação contrária de nenhum representante de empresa”. Ribeiro acrescentou que “João Vaccari e Márcio Lobão foram indicados como representantes do PT e do PMDB”.
Tesoureiro petista pediu contribuição
O empreiteiro Celso Jacomel Junior, da J. Malucelli, disse à Polícia Federal que participou de reunião com o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, em que o petista lhe pediu contribuições para campanhas eleitorais do PT. Antes desse apelo, Flávio Barra, da Andrade Gutierrez, já havia lhe dito que “haveria necessidade” da J.Malucelli realizar doações para campanhas eleitorais do PMDB
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Por ISTO É